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Chronicles of Mystery: The Scorpio Ritual

-Chronicles of Mystery: The Scorpio Ritual-------------------PC-


Arqueologia sem chicote nem chapéu

Chronicles of Mystery: The Scorpio Ritual é a nova aventura da City Interactive, depois de um pouco mais do que simpático Art of Murder: FBI Confidential, que vai ter não uma, mas duas sequelas. Para além de terem em comum o nome comprido, estas duas séries têm também como personagem principal uma jovem mulher. No caso de Scorpio Ritual o seu nome é Sylvie Leroux, arqueóloga incompreendida e curiosa.

Chronicles of Mystery pode ser facilmente comparado à série Broken Sword, pela sua temática mística e artefactos de poderes incomensuráveis, e igualmente pelo carisma de Sylvie, que não é sem relembrar Niko da referida saga da Revolution.


Tudo começa quando Sylvie recebe um telefonema do seu tio, igualmente arqueólogo, e se dirige ao local onde cresceu, em Malta. No entanto, nem sinal do seu tio, desaparecido sem explicação e visto por alguns como responsável pelo desaparecimento de importantes artefactos. Parte assim à aventura em vários países, num point and click que não revoluciona em nada o conceito mas demonstra um extremo cuidado na sua concepção.

Sylvie é controlada pelo jogador na terceira pessoa, atravessando os belíssimos ecrãs com uma suavidade de animação apreciável. Esta é uma personagem não só bem desenhada como relativamente bem desenvolvida, não sendo a concha vazia que muitos jogos nos oferecem. A interacção com os cenários é perfeitamente clássica, faltando apenas um duplo clique para apressar as passagens entre as salas. Os enigmas são bem pensados e fáceis para os olhos mais atentos, não prejudicando a fluidez da interessante narrativa. No entanto, o detalhe dos ecrãs é enorme, o que obriga a alguma caça intensiva aos objectos de menores dimensões, pelo que os menos pacientes – o que estão a fazer a jogar uma aventura, já agora? – podem recorrer a uma ajuda inestimável: um ícone que exibe as saídas e pontos essenciais de interacção na sala. Usar apenas em último caso, até porque o jogo mostra alguma inteligência na sua construção. Por exemplo, Sylvie não pode ir a certas áreas sem resolver tudo o que necessita no presente local, e dispensa objectos que não irá utilizar mais. Andar pelo mundo com um peixe no bolso não será a coisa mais lógica, tenho de salientar.


É pena que Scorpio Ritual, tal como praticamente a generalidade das aventuras – salvo raríssimas excepções – nem sempre saiba em que ponto vai o raciocínio do jogador. É por isso que por vezes a utilização bem sucedida de objectos nos seus devidos locais nos deixe algo perplexos, como se nos arrependêssemos de ter experimentado tal combinação. Para explicar melhor, dei por mim a sabotar um carro sem sequer saber a quem pertencia ou por que carga de água o estaria a fazer. Faltou ali alguma informação ou um daqueles raros comentários de ‘porque haveria de fazer isso’, indicando que não tínhamos recolhido todos os dados necessários para dar o passo seguinte.

Esta é porventura a maior incongruência que se encontrará nos puzzles ao longo do jogo. Há que dar a mão à palmatória e reconhecer que as soluções nunca nos parecem demasiado rebuscadas. Isto torna a exploração dos fantásticos cenários ainda mais prazenteira. São autênticas fotografias que parecem ter detalhes a transbordar do ecrã, alguns locais são mesmo capazes de nos deixar a observá-los durante uns tantos segundos antes de retomarmos o controlo de Sylvie. Em contrapartida, a City Interactive ainda tem um longo caminho a percorrer até nos oferecer sequências animadas de qualidade, já que estas são baças, pouco detalhadas e acabam por denegrir o restante trabalho gráfico.


Chronicles of Mystery: The Scorpio Ritual acaba por ser uma bela surpresa, um jogo na linha de Broken Sword que possui qualidade quanto baste para umas quantas horas de quebra-cabeças. O problema é que são menos de uma dezena de horas e o final é verdadeiramente abrupto, não se revelando satisfatório, muito menos atando todas as pontas. Ou a sequela já está na forja – mas se assim for, acredito que seja numa nova ‘Crónica de Mistério’ e não seguindo este argumento – ou muita coisa poderia e deveria ter sido melhor explicada. Mas não deixem que isto vos afaste da companhia desta arqueóloga.
[7/10]

1 comments:

leonor alves disse...

Estou a jogar este jogo e acho fascinante.Entretanto estou numa altara do jogo em que me é impossivel continuar.Como abrir um cofre de parede,sem a minima pista dos numeros a empregar na combinaçao?Refiro-me ao quadro no gabinete do cardeal no Vaticano.Se alguem souber,digam-me,ok?Agradeço
Leonor